Vídeo divulgado nas redes sociais mostram dois jovens sendo punidos com golpes nas mãos por membros de uma facção criminosa em um chamado “tribunal do crime”. A motivação seria a morte do adolescente Fernando Vilaça da Silva, de 17 anos, espancado na última quarta-feira (02/07) após sofrer ofensas homofóbicas no bairro Gilberto Mestrinho, zona Leste de Manaus. O jovem passou por cirurgia e ficou internado, mas não resistiu e faleceu no último sábado (05/07).
No vídeo, um dos faccionados afirma: “Estão sendo cobrados pelo erro”, enquanto os agressores estendem as mãos para receber pauladas nas mãos. Outro homem completa: “Pelo erro lá da criança”.
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), investiga o caso para identificar os agressores de Fernando. Até o momento, os suspeitos, que seriam menores de idade, permanecem foragidos. Familiares de Fernando pedem justiça.
Vítima sofria bullying
De acordo com familiares da vítima, Fernando havia saído de casa para comprar leite quando recebeu xingamentos de cunho homofóbico por outros adolescentes.
“Ele era alvo constante de bullying e, naquele dia, foi chamado de ‘viadinho’ por outros jovens na rua. Dessa vez, ele ficou muito chateado e revidou os xingamentos.
Infelizmente, ele foi tirar satisfação, e o outro veio e agrediu ele covardemente com socos e chutes na cabeça”, disse o tio da vítima, Elson Vilaça.
Um vídeo gravado por uma vizinha mostra o momento do ataque à vítima. Fernando foi encurralado e agredido por um grupo de pelo menos quatro jovens. Em seguida, todos fogem correndo.
O adolescente foi socorrido e levado para o Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, depois transferido em estado grave para o Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, onde passou por uma cirurgia. Fernando sofreu traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral, segundo o laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML). Ele teve morte encefálica confirmada no sábado.
Comoção
O crime gerou comoção entre familiares, amigos e a comunidade escolar. “O que fizeram com ele foi muita covardia. Os meninos ficavam tirando ele por causa do cabelo. Nunca imaginei que isso pudesse terminar assim. Meu sobrinho era um menino tranquilo, vivia da escola pra casa. Com o ‘Pé-de-meia’ comprava ração dos animais dele e estava juntando dinheiro pra tirar habilitação assim que completasse 18 anos”, lamentou Klíssia Vilaça, tia do adolescente.
A Escola Estadual Jairo da Silva Rocha, no São José Operário, onde Fernando cursava o 3º ano do Ensino Médio, também prestou homenagens nas redes sociais. “Pedimos a Deus que o Espírito Santo console o coração de todos os familiares, amigos e colegas de turma. À família, recebam as nossas condolências. Nossa escola está de luto hoje”, diz a postagem.
*Com informações do Portal Toda Hora