A cidade de Manaus poderá ganhar oficialmente um bairro japonês, com esculturas, luminárias e um portal “Tori” na entrada – símbolo tradicional da cultura nipônica. A proposta foi enviada pelo prefeito David Almeida (Avante) à Câmara Municipal de Manaus (CMM), onde tramita o projeto de lei 692/2025 que cria e delimita o bairro “Colônia Japonesa”, entre as zonas Centro-Sul e Norte da capital.
O novo bairro abrangerá uma área hoje dividida entre o Parque Dez de Novembro e o Novo Aleixo, somando cerca de 408 hectares e abrigando, segundo estimativas baseadas no Censo de 2022, aproximadamente 10,9 mil habitantes.
Conforme o texto encaminhado pelo prefeito aos vereadores, a proposta reconhece oficialmente uma denominação já consolidada no imaginário manauara, usada há décadas para identificar a região marcada pela presença e influência da comunidade nipo-brasileira.
“A oficialização do bairro homenageia e preserva a memória de uma das comunidades que mais contribuíram para a formação da identidade urbana, econômica e cultural da capital amazonense”, diz a justificativa do projeto.
Cultura e identidade japonesa
O território proposto reúne um conjunto de referências à cultura japonesa, desde os nomes das ruas (como Kyoto, Heisei, Monte Fuji e Misujiro) até condomínios e loteamentos temáticos, como o Portal do Japão, Jardim Sakura, Jardim Sumiré e os condomínios ‘Shizen I e II’.
Na região também estão localizados a Escola Japonesa de Manaus, a Igreja Tenrikyo, os centros comerciais Daruma e Maru Hachi, e o terreno da Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental (NIPPAKU), que abriga o projeto do Museu da Imigração Japonesa.
O projeto tem apoio formal da NIPPAKU, do Consulado-Geral do Japão em Manaus e de moradores da área.
Um bairro símbolo da amizade Brasil-Japão
A proposta também faz referência ao 130º aniversário da formalização das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, celebrada em 2025. No ofício enviado pela NIPPAKU ao Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), a entidade solicita que o novo bairro receba elementos arquitetônicos tradicionais japoneses, como o Tori, portal que representa a passagem entre o mundo terreno e o espiritual, conhecido também como “portal da felicidade”.
Além do Tori, o documento menciona a instalação de luminárias japonesas, inspiradas nas usadas no bairro da Liberdade, em São Paulo, símbolo nacional da presença nipônica.
Imigração e legado no Amazonas
A presença japonesa no Amazonas começou na década de 1930, com famílias que se instalaram em Maués para o cultivo do guaraná. Anos depois, novas levas migratórias chegaram a Parintins, Manacapuru (hoje área de Iranduba) e finalmente Manaus, contribuindo para o desenvolvimento agrícola e, mais recentemente, industrial, com a chegada de empresas japonesas à Zona Franca.
Hoje, o estado abriga cerca de 50 mil japoneses e descendentes, e Manaus é palco de eventos culturais e gastronômicos que celebram essa herança, como o Festival do Japão na Amazônia.
Reconhecimento e valorização
Segundo a prefeitura, a criação da Colônia Japonesa não implicará aumento de densidade urbana, mas apenas readequação administrativa de áreas já urbanizadas e ocupadas.
Se aprovado, o projeto representará o primeiro bairro temático de Manaus, oficializando um espaço que já simboliza, há décadas, o encontro entre a cultura amazônica e a tradição japonesa.
*Com informações do Portal Toda Hora








